Quando o Michael B. Jordan apareceu em A Última Parada, eu (e o resto dos seres vivos) fiquei chocado com o talento do cara.
Só que já o levaram direto a fazer filmes porcarias. Ele começou a malhar, ficou fortão e descambou.
Obviamente ele encheu o rab… ops, o bolso de dinheiro e esperto que é, para meu espanto, abriu uma produtora e agora lança seu primeiro filme, Luta Por Justiça.
Eu quase pulei o filme porque tem o trio principal mais sem graça dos últimos tempos.
Além de Michael B. tem a sem gracinha Brie Larson e o “não entendo o que ele faz aqui” Jamie Foxx.
Um filme com esse trio não teria como dar certo, né?
Outro fator para eu quase pular esse filme é que não aguento mais história de gente presa injustamente que acaba no corredor da morte, histórias fortes e importantes que terminam em filmes porcarias.
Mas Michael B. e sua turma contratou Destin Daniel Cretton, o diretor talentosíssimo de Short Term 12 (daí a Brie, entenderam?). E o cara fez “O” filme.
Luta Por Justiça é uma surpresa tão grande que eu ainda estou pensando como nunca fizeram um filme desses com uma pegada dessas.
O filme conta a história de um advogado negro, recém formado em Harvard, que resolve se mudar para o estado mais racista americano, Alabama, para ajudar esses condenados à morte injustamente.
Sim, o filme é baseado em uma história real, o advogado ainda está vivo, já salvou quase 200 pessoas, o final do filme mostra um monte de números absurdos que só confirmam o racismo odioso americano.
Se por aqui é um horror, folgo em dizer que por lá é pior ainda. O sul “profundo” americano é nojento, vide o lindo documentário do coral gay de São Francisco viajando por lá, filme que já falei aqui.
Luta Por Justiça não tem nada que a gente espera de um filme de advogado tentando provar que seu cliente, prestes a morrer, é inocente.
O filme é da paz, é lento como deve ser, é cheio de respiros e não é um filme chato e sem graça.
Tem uma cena que na minha opinião mostra o ritmo de Luta Por Justiça.
O advogado vai até a casa da família de seu cliente pela primeira vez para ouvir a versão da história “real”, que não está nos autos policiais todos errados.
Lá ele se senta à mesa onde lhe oferecem comida, suco e tranquilamente ele ouve todo mundo falar e anota tudo e vai ficando chocado como a história que ouve é completamente diferente da contada pelos policiais brancos.
O diretor Cretton mantém esse ritmo e nos entrega um filme que parece um bálsamo de tranquilidade, apesar do tema tão pesado de corredor da morte.
E o melhor de tudo é que Cretton consegue trazer Michael B. de volta às suas origens, longe do sex symbol que nos tentam enfiar goela abaixo, né Wakanda.
NOTA: 1/2