Se você, como eu, aprendeu a amar o Shia LaBeouf, vai amar Hoeny Boy.
E se você não o ama e não sabe quem é o fofo, vai amar Honey Boy.
Antes de virar o grande (e doidão) ator que é hoje em dia, Shia foi um conhecido ator mirim da televisão americana.
Honey Boy é um filme auto biográfico, escrito por Shia, sobre os tempos que ele, bem novinho aos 12 anos de idade, trabalhava um monte e era acompanhado pelo pai, um ex tudo: alcoólatra, junkie, preso e ex palhaço de rodeio.. E outro doido. Quer dizer, “o” doido.
Durante o filme, eles moram em um motel tosco de beira de estrada já que o pai usa o dinheiro do filho para outras coisinhas, quando a gente descobre que o cara não é ex nada.
Mas o filme é sobre a relação de pai e filho, de um pai doente que acha estar protegendo o filho quando na verdade não para de dar tapa na cara do moleque.
É a história de um menino que aos 12 anos de idade é exposto a tudo de mais nocivo que uma criança dessa idade pode viver, principalmente a relação doentia do pai com a mãe do menino, onde eles brigam o tempo todo pelo telefone e Shia, o Honey Boy, fica intermediando tudo.
Honey Boy é sobre crescer acompanhado querendo ter crescido sozinho. Nunca o “antes só do que mal acompanhado” fez tanto sentido.
E não, por mais que tente, Shia não consegue passar uma imagem minimamente “perdoável” de seu pai .
Ah, detalhe de gênio: quem vive o pai abusivo é o próprio Shia, que deve ter expurgado todos os seus demônios nesse papel.
Honey Boy é dirigido pela ótima Alma Har’el que mostra que mesmo escrito e protagonizado por Shia, o filme tem uma personalidade e uma força que vieram dela.
A história não é fácil e não pretende ser.
Quando a gente acha que a vida do menino é ruim, vemos esse menino crescido em uma instituição de reabilitação sofrendo mais ainda. Ainda.
Ou melhor, desde sempre.
Honey Boy é um filme escrito por Shia em uma internação forçada em uma rehab, que começou como um exercício de auto conhecimento e de lidar com os fantasmas do passado e terminou com esse filme absurdo de lindo.
Tudo no filme é bom: direção beirando a perfeição, fotografia absolutamente competente, trilha lindona e contemporânea e um elenco de dar inveja.
Além de Shia que brilha muito, o menino Noah Jupe rouba o filme. Lucas Hedges faz o menino crescido e tem ainda a musa Laura San Giacomo e a estreia de FKA Twigs nas telonas.
Assistir a história do moleque Honey Boy é na verdade assistir a história de seu pai James, o cara todo errado que parece fazer questão de cagar, sentar em cima, espalhar com a bunda e repetir ad infinitum.
Pior é assistir a história desse cara escroto tendo exemplos quase parecidos por perto para dar uma cutucada em feridas.
Honey Boy é uma descida ao inferno onde Shia tenta de alguma forma, mesmo que desesperada e radical, dar um fim ao seu relacionamento torto com o pai mais torto ainda.
Que filme.
NOTA: