Já faz mais de 1 semana que eu assisti 1917 e ainda não tenho certeza se o filme é genial ou se é um grande “pega publicitário” tipo Birdman.
Explico: a coisa mais legal, pra mim, é assistir um filme e não perceber o diretor por trás daquilo tudo, não enxergar todo o esforço e a decupagem e o roteiro, só mergulhar fundo naquele universo e sair de lá um novo homem.
1917 é o oposto disso: você enxerga o trabalho todo do Sam Mendes em cada frame do filme.
Fazer um filme de quase 2 horas em meia dúzia de planos sequências, daqueles sem cortes, é pra poucos.
E pensar em juntar os poucos cortes do filmes para que não pareçam que existiram, é mais punk ainda.
Agora, fazer isso tudo fotografado pelo genial Roger Deakins, aí sim é poder.
Sam Mendes resolveu contar uma história que, segundo ele mesmo, seu avô contava para todo mundo, de quando ele lutou na Primeira Guerra Mundial e teve que atravessar correndo um pedaço da França para mandar uma menagem para que um oficial do exército e seu pelotão de 1600 homens não fizesse um ataque contra os alemães porque cairiam em uma cilada.
Daí o Sam pensou: bom, na história meu avô teve que literalmente sair correndo pra chegar em algumas horas longe pra caramba. E se eu fizesse um filme quase que em tempo real onde o protagonista tivesse que correr e a gente junto com ele, como se fosse em tempo real mesmo?
Ideia de doido. Ou de gênio. O que dá no mesmo.
1917 é isso, nós espectadores na cola de 2 soldados ingleses tentando chegar vivos em seu destino final, atravessando uma França que está sendo bombardeada por alemães, tudo em primeira pessoa, ao lado do cara, coladinho sentindo tudo na hora, sem corte, sem enrolação.
Só que sem cortes, tudo muito bem ensaiado e fotografado, tudo milimetricamente pensado e com uma das melhores trilhas possíveis, perfeita para o filme. E ainda tem um elenco de dar inveja, com grandes nomes ingleses que vão de George MacKay, Dean-Charles Chapman, Mark Strong, Andrew Scott, Richard Madden, Claire Duburcq, Colin Firth a Benedict Cumberbatch.
Daí vem um hater preguiçoso e diz que 1917 não é cinema, é vídeo game.
Vai catar coquinho, meu filho.
1917 é Cinema com “C” maiúsculo.
Só não sei ainda se esse Cinema aí é ainda tão relevante em 2020.
NOTA: 1/2 ou 1/2
P.S.: diz a lenda que 1917 vence o Oscar de Melhor Filme porque todo filme concorrente com o Colin Firth no elenco vence, como venceram O Paciente Inglês, Shakespeare Apaixonado e O Discurso do Rei.