Fazia um bom tempo que eu não assistia uma história de amor como a de Queen & Slim.
Que. Filme. E não tem nada melhor que história de amor no cinema.
Com certeza você vai ler por aí que o filme é o “Bonny and Clyde do Black Lives Matter” ou comparações com Natural Born Killers ou até mesmo com Thelma & Louise.
Mas não se deixe enganar: Queen & Slim é Queen & Slim. Fim.
É a história de um primeiro encontro que dá terrivelmente errado, onde uma garota finalmente vai encontrar um crush do Tinder depois de muito tempo ele insistindo e ao voltarem para casa, são parados por um policial branco, que ao ver um casal de negros no carro já chega chegando.
E a merda se espalha por tudo quanto é lado.
E eles precisam fugir. Para suas vidas.
Diferentemente de todos esses filmes que eu citei, Queen & Slim parece que foi montado (editado) a partir de músicas do Marvin Gaye.
O ritmo do filme é incomparável, de uma consistência e cadência poucas vezes vistas por aí.
O filme é a estreia da diretora em longas, mas com uma carreira sólida em video clipes. Ela dirigiu Formation da Beyoncé, por exemplo.
E o melhor: o filme é escrito pela também ótima Lena Waithe, com um roteiro impecável, o que é mais impressionante ainda pela duração do filme de mais de 2 horas.
Agora quem rouba a cena, literalmente, é o casal principal: Jodie Turner-Smith e Daniel Kaluuya.
Daniel finalmente pode seguir em frente depois de Corra! com seu Slim, um cara romântico, perdido, mais forte do que ele mesmo pensava, que aos poucos vai caindo de amores por sua companheira de fuga. Se a gente ficou de queixo caído com ele no horror 2 anos atrás, aqui a gente se apaixona por um outro lado do ator.
Já Jodie, pelo amor dos deuses do cinema, que atriz, que mulher, que papel, que atriz de novo. Inglesa, novinha nas telas, casada com o muso Joshua Jackson, veio pra ficar.
Seu texto no filme parece saído da boca de uma divindade. Sua força como a mulher que carrega a dupla atravessando o país e sendo um símbolo de resistência sem saber é das coisas mais legais que dá pra ver hoje em dia.
O casal que foge de um crime que cometeu por acaso e que, sim, vira paradigma de resistência e de força sem saber, e por isso mesmo tem mais validação ainda, é uma ideia de gênio.
A fotografia dessaturada, a música tranquila para um thriller que na verdade é um romance, a direção de atores na medida certa, o discurso político sem ser panfletário, tudo faz de Queen & Slim a grande surpresa desse início de ano.
Ah, o filme ainda tem a Chloe Sevigny, a Indya Moore, o Flea e se você sentir os olhos marejarem ao assistir o trailer, é isso aí, tá tudo certo.
NOTA: 1/2
Até que fim achei o que estava procurando. Artigo bem
completo sobre o assunto. Obrigado pela informação.
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