Começando do começo: o horror novo do Nicoas Cage é “estragado” pelo próprio.
Infelizmente, porque o filme é até legal.
Color Out Of Space é adaptado de um dos contos mais insanos do mestre do horror H. P. Lovecraft pelo diretor insano Richard Stanley, o cara que fez Hardware, lá nos anos 90 e que volta a filmar com sangue nos olhos. Ops.
O filme transporta a história do conto para uma casa no meio do nada americana onde mora uma família que fugiu da cidade grande em busca de paz.
Quer dizer, o pai e a mãe, vividos por Nic e pela sempre muito boa Joely Richardson.
Seus 3 filhos adolescentes não se animam tanto em morar longe de tudo em meio a uma criação de alpacas que o pai encasquetou que é bacana: o filho mais velho é um maconheiro inveterado, a filha uma bruxa que faz invocações pedindo pra sair de lá e o menor é um fofo.
Uma noite, por acaso depois de uma dessas invocações místicas, cai um meteorito no jardim da casa da família com um cheiro estranho (que só incomoda o pai e onde Nic faz força pra ser o mais caricato possível) e uma cor nunca vista, segundo o próprio, que toma conta de tudo.
Principalmente da mente do povo, fazendo com que todos eles cometam, sei lá, acintes contra eles mesmos. Graves. Sérios.
Então, a história é essa, uma família assombrada por uma cor que aos poucos vai apodrecendo psicologicamente e pior, fisicamente.
O bacana do roteiro heróico, que conseguiu não estragar tanto o conto original, é a metáfora escancarada com câncer e o material radioativo do meteorito e suas consequências absurdas, que não vou contar aqui obviamente.
Fico pensando o quanto Mandy é bom e o quanto Nic está bem naquele filme e me lembro que a psicodelia e a viagem forte lá segurou muito o atorzão careteiro que a gente tanto (de vez em quando) ama, porque aqui, com tanta cena de viagem e doideira mas com texto, Nic fica tão aquém de, por exemplo, uma puta atriz que é Joely, que vai apodrecendo sem se perder no filme.
Mandy é tão bom que os produtores resolveram segurar Nic e fazer esse filme, com um diretor lendário, filmar em Portugal porque é mais barato que tudo, ainda mais pra terror, vê-se O Caçador de Cabeças e o melhor, se saíram bem demais com tudo isso. Valeu Elijah Wood.
Dá pra dizer que o filme é bizarro, gore, doido, estranho, o que é muito bom, mas também dá pra dizer que ele tem pelo menos uns 20 minutos a mais no início, uma enrolaçãozinha desnecessária de localização de história.
Porque o que interessa mesmo é a baixaria da cor tomando conta de tudo e de todos.
O que interessa é o horror físico, o horror sideral, o horror psicodélico, o sangue, os corpos retorcidos, a carne e a pele podre, com as melhores referências cinematográficas e o melhor, com uma trilha sonora precisa, sem a papagaiada da moda de sintetizador de giallo do Tangerine Dream.
Ah, quase esqueci uma tantas boas características de Color Out of Space: a comédia é zero. O filme é horror raiz, 100% na cara.
NOTA: 1/2