Quando eu era bem moleque, nos anos 70, meu primo mais velho que era todo hiipongo e alternativo e estudava Física na Unicamp e me apresentou Egberto Gismonti foi ao Festival de Águas Claras, a fazenda na cidade de Iacanga e eu não me conformei que minha mãe não deixou eu ir com ele.
Lembro de quando ele voltou e me contou do perrengue todo eu fiquei aliviado, mas ele disse que a diversão tinha sido maior que os percalços.
O documentário O Barato de Iacanga mostra bem isso, todos os perrengues e toda a diversão que o povo viveu naquele que foi considerado o Woodstock brasileiro.
O legal do filme é saber que o povo que teve a ideia e produziu o evento não tinha a menor noção do que seria fazer um festival de qualquer porte, com o público que apareceu, numa fazenda sem estrutura nenhuma, num palco de pedaços de madeira, tudo tosco demais.
Um monte que hoje em dia não seria possível de maneira nenhuma, mas lá nos anos 1970’s, o sonho e a ingenuidade eram maiores que qualquer coisa.
É legal saber dos hippies invadindo a cidade, não tomando banho porque não tinha onde, comendo o que tinha, fumando a maconha que tinha e o melhor, ver um idiota de um fotógrafo da polícia “cobrindo” o festival, fotografando os estranhos e no final dizendo que ele tem saudades dos anos de chumbo.
Se não por mais nada, o filme tem cenas do show do Gilberto Gil que seriam o suficiente para qualquer coisa, lindo demais.
Esse documentário é o tipo de filme que se feito em Hollywood seria o ponto de partida para a recriação do festival em um filme de ficção grandioso.
Já por aqui, devemos nos dar por satisfeitos que a Netflix o colocou em seu catálogo, uma pérola perdidinha mas obrigatória.
P.S.: o meu primo hippie virou um bolsominion crente dos infernos, não consigo nem conversar com ele hoje em dia.
NOTA: