O polonês Werewolf foi um belo de um tapa na minha cara.
O filme é um horror que se passa no holocausto, no final da 2ª Guerra Mundial onde crianças judias conseguem fugir de um campo de concentração mas tem que lidar com uma lenda que elas vão achar mais real do que esperavam: oficiais da SS nazista que conseguissem escapar e não ser presos pelos aliados, virariam lobisomens.
Essas crianças acabam em um palácio abandonado que acaba virando um abrigo, quase um orfanato.
Só que elas tem alguns problemas a lidar, já que nada é fácil: a mansão não tem água, nem aquecimento e muito menos comida. E pra piorar, os lobos (ou os lobisomens), não deixam que elas saiam de casa.
O grande trunfo do diretor Adrian Panek foi não ter espetacularizado de forma alguma o holocausto, o campo de concentração, as mortes, a desgraça toda.
A delicadeza com que ele lida com a situação toda vai na verdade criando um universo totalmente atípico onde as 7 crianças habitam e pouco a pouco vai nos deixando totalmente ao seu bem querer.
De repente percebemos que o drama que poderia ser pesadíssimo, se torna uma história de medo a partir de toda essa delicadeza. A dó que a gente sente das crianças não terem o que comer não é nada comparada ao desespero mais delicado ainda que veremos pela frente.
Panek deve ser o cara mais frio e calculista do cinema polonês, porque o que ele faz com esse filme, é pra poucos.
Werewolf, em uma primeira leitura, é um filme normalzão, meio besta, pensei eu, ao ter desprezado os “truques” todos que a filhadaputice nazista proporciona ao cinema, como nos maravilhosos Filho de Saul e O Pássaro Pintado.
Panek deixa o facinho e óbvio de lado e nos joga em um turbilhão de desespero quase despercebido que de repente nos tira o fôlego e a gente vê tudo em câmera lenta.
Surpresa absurda de final de ano que só confirma que no final das contas, os nazistas são sempre os monstros.
NOTA: