Ontem foi um dia peculiar, assisti 2 filmes que não poderiam ser mais opostos e ao mesmo tempo tão parecidos: Dois Papas e O Farol.
Basicamente são 2 filmes onde 2 homens ficam conversando o tempo inteiro.
Primeiro assisti O Farol e fiquei bem impressionado, vou escrever sobre o filme amanhã.
Depois assisti Dois Papas, o filme dirigido pelo mestre Fernando Meirelles para a Netflix, que está sendo incensado e indicado para um monte de prêmios legais, como o Globo de Ouro de Melhor Filme, junto com outros 2 da própria Netflix, O Irlandês e História de Casamento.
O filme conta a história de quando o ex-papa Bento XVI, o nazi Ratzinger, convoca o argentino Jorge Bergoglio, seu extremo oposto político e filosófico, para contar que vai renunciar ao papado e explicar suas razões.
O encontro se dá na residência de verão do Papa e a gente vê o quanto suas peculiaridades e seus discursos são importantes para entendermos mais de cada um.
Por mais chapa branca que seja, quase propaganda mesmo da igreja católica, Dois Papas toca de leve em feridas abertas como a pedofilia e a corrupção no alto clero antes de se aprofundar muito nas histórias do alemão e do argentino que tem seus destinos cruzados definitivamente por menos que eles não tivessem imaginado.
Meirelles mostra, de novo, depois de anos fazendo filmes porcarias, que é mesmo um grande diretor e que quando quer, ou quando deixam, faz filmes bons.
Dois Papas é um filme super classicão em forma e conteúdo, mas dirigido por um diretor que sutilmente deixa suas pegadas pelo filme todo. Quando a gente menos espera, vemos um plano absurdamente pensado e realizado, uma sequência linda, umas cenas de tirar o fôlego fotografadas pela quase brasileiro César Charlone.
Mas o melhor do filme é a dupla de atores principais: Anthony Hopkins recebendo o espírito total de Bento XVI, até com o olho torto e Jonathan Pryce, sim, Jonathan Pryce quebrando tudo como o jesuíta argentino que na ditadura ficou do lado dos militares, e que por isso é muito criticado até hoje mas que diz ter se arrependido totalmente e luta cada vez mais pelas minorias.
Dois Papas é uma tour de force desses 2 monstros sagrados da atuação inglesa, com um roteiro que lhes dá inúmeras oportunidades de brilharem sem ofuscarem um ao outro.
Eu comecei o filme com asco total pelo Papa alemão e terminei com mais bode ainda, obrigado Hopkins. Já do argentino, a simpatia que tinha por ele foi meio que por água abaixo depois de saber o quanto ele fez merda na vida eclesiástica politicamente falando. E não me venha falar em arrependimento porque eu não sou tão santo assim que entendo e desculpo, eu prefiro ignorar.
O Papa Francisco é meio que um padre bolsominion que uma hora se arrependeu e virou Papa, mesmo com sua guinada para a esquerda radical católica, depois de ter dado muita bênção aos militares argentinos quando sabia de amigos e companheiros que estavam sumindo e sendo mortos por esses mesmos canalhas.
Não fui atrás para saber a história real que foi retratada nesta ficção, o que na verdade em princípio não me interessa muito exatamente porque Dois Papas não é um documentário, e isso é importante ter em mente enquanto assistir o filme.
A conclusão que chego, ou as conclusões são que a Netlfix acertou em cheio, Pryce e Hopkins são monstros SIM e Fernando Meirelles voltou com força total.
NOTA: