Little Joe é o tipo de filme que prova aquela teoria dos diretores queridinhos de festivais, não importando muito o filme que façam.
O filme é dirigido pela austríaca Jessica Hausner, que desde seu primeiro filme, Lovely Rita estreou na mostra Um Certo Olhar, no festival francês, que ela é uma das queridinhas da Croisette.
Little Joe prova que, não importa o tamanho da porcaria que ela lance, por lá o filme estará.
Veja bem, Little Joe não é um filme ruim, muito pelo contrário.
Só não é filme para estar na Seleção Oficial do mais prestigiado festival de cinema de todos, competindo pela Palma de Ouro.
Little Joe é uma ficção científica que parece saída de um ensaio fotográfico modernoso de alguma revista inglesa também modernosa, filhote da The Face.
O que não é ruim, porque um dos meus preferidos, Gattaca, é meio que nesse nível de lindeza.
Mas enquanto Gattaca serviu de referência para o que veio depois, Little Joe tem aquela cara de “já vi isso antes”.
E pra piorar, o roteiro é bem meia boca.
E a direção de Hausner é tão “olha como eu sou loucona e faço travellings que duram horas e tiram de quadro meus personagens” que irrita. Aquele tipo de direção que diz mais sobre o diretor que sobre o filme, que atrapalha.
Muito conteúdo e pouca alma.
O filme conta a história de uma cientista que cria uma flor cujo pólen, quando aspirado por humanos, dá uma sensação de amor profunda, porque libera a oxitocina, o hormônio do amor.
Essas flores são criadas em um laboratório lindo e sem vida, o que acaba sendo um contraponto bom à história dela criar uma nova flor, ser um tipo de uma Dra. Frankenstein, apesar dessa flor não poder se reproduzir e ter a função de deixar as pessoas amando muito.
É um paradoxo sem fim que importa tanto que vira segundo plano em relação a importância comercial da flor e também o quanto esse pólen pode causar doenças ou mesmo dependência.
O negócio é que o filme dá mais importância a toda estética que ao roteiro, muita forma e pouco conteúdo.
Falta alma a uma produção que tem um elenco tão bom, uma premissa tão boa e uma diretora que era uma promessa. No passado.
E que fique claro: o único Little Joe que ainda importa é o ícone Joe D’Alessandro, dos filmes do Warhol e da canção do Lou Reed.
NOTA: 1/2