A Camareira talvez seja o filme que mais me deixou surpreso em 2019.
O filme é uma obra prima da diretora mexicana Lila Avilés, que não teve medo de ousar e experimentar a forma como conta a história de Eve, uma camareira de um hotel.
Eve é tímida, mas tão tímida que a gente fica com pena e raiva dela ao mesmo tempo.
Ela é aquele tipo de pessoa que faz bem o que tem que fazer ao mesmo tempo que tem vergonha de pedir alguma coisa ou de dizer não, a ponto de ser usada várias vezes durante o filme.
A Camareira se passa inteiramente dentro do hotel que Eve trabalha, sempre na área dos empregados, nunca na área dos hóspedes, o lado glamuroso do hotel.
Quando vemos os quartos, mesmo os mais impressionantes, eles sempre estão muito detonados, sujos, desarrumados.
Eve tem seu andar para limpar todo dia, um andar que é desejado por outras camareiras, inclusive.
Mas ela quer mais, quer subir no prédio, como se quisesse subir na vida.
Faz tudo o que pode para não passar despercebida e ter essa promoção.
Ah, e quer também ganhar um vestido vermelho esquecido por uma hóspede. É a primeira da fila, caso ele não seja “recuperado” pela dona.
Ela também tem aulas no hotel, para prestar uma prova. E nas aulas ela percebe o quanto ela é diferente dos outros empregados que estudam com ela.
A Camareira é cheio de situações em princípio banais, mas que cada uma delas nos mostra um pouco de Eve: sua timidez, sua eficiência, sua inocência, sua quase inexistente ambição.
A diretora Lila conseguiu, com toda sua ousadia, contar uma bela de uma história em quadros que poderiam ser exibidos em uma galeria, já que sua câmera é sempre fixa e cada uma das cenas acontece dentro de um espaço determinado, que no final vemos que esses espaços são mais que suficientes para entendermos a vida e os sonhos de Eve, de seu filho e de seu vestido vermelho.
NOTA: 1/2