True History of the Kelly Gang é mais um filme recente que se declara baseado em mentiras.
Outro desses dias foi The Farewell, que amamos tanto, certo?
Eu quase não fui assistir esse filme na Mostra de SP mas o elenco muito me atraiu, principalmente o ótimo inglês George MacKay (de Capitão Fantástico e Marrowbone) que faz o próprio bandido.
Cheguei a uma conclusão que Ned Kelly, um dos maiores bandidos australianos, maiores em termos de fama pelo menos, poderia ser comparado ao nosso Lampião.
Ele e seu bando viveram muito tempo atrás numa Austrália que, pelo filme, parecia estar no faroeste americano.
O filme conta a história do Kelly desde criança, quando morava no meio do deserto com seu pai que parecia um frouxo, sua mãe, que cuidava do bar que lhes provia e de uma certa forma fazia favores sexuais a soldados para que sua família fosse deixada em paz.
E por
família era Ned e mais um monte de irmãos muito pequenos.
Seu pai é assassinado por um policial escroto, a mãe o vende para um famoso ladrão que ensina ao menino como sobreviver na contravenção, ele cresce, tenta fugir de seu destino mas não consegue: por causa de sua família e de seu passado, acaba sendo o legendário ladrão da Austrália.
Nesse filme, a história de Kelly e sua turma é contada da forma mais pop possível, com uma fotografia que me deixou de queixo caído, uma estética de diretor que quer mostrar que sabe a que veio, com um elenco absurdo de bom e o melhor de tudo, com um roteiro super redondinho.
Todos os louros ao diretor Justin Kurzel e seu talento infindo que fez um filme ousado, violento, amoral, nada do que esperava ver ainda mais envelopado de forma tão linda.
O fofo MacKay prova que é um ator absurdo de bom mesmo, deve logo logo entrar pro time dos melhores.
Russel
Crowe, gordo, barbudo, ofegante, faz o ladrão que compra Ned e que o ensina a
arte do mal.
Mas o
melhor de tudo é como o bando de Ned, depois de descobrir o por quê de seu pai
ser o tal “frouxo” que a mãe acusava, usava vestidos para assaltar, e não por
desejo sexual nem nada.
Os caras
usavam vestidos para atrapalharem a cabeça dos policiais e de quem mais fosse
assaltado, porque segundo eles, nada mais estranho do que um povo de vestido
roubando dinheiro.
Por essas e
outras que o lado filosófico e político do bando acaba sendo tão importante e o
filme foca muito nesse lado disruptivo do bando.
Uma lindeza
só.
E uma puta ideia.
NOTA: