Eu assisti Filhos da Dinamarca e ao final da sessão eu mal conseguia sair da poltrona do cinema de tão chocado que eu estava com o filme que parece uma versão nórdica dos últimos 2 anos da política brasileira.
No filme, Filhos da Dinamarca é o nome de um grupo ultra nacionalista, conservador de extrema direita neo nazista, violento, radical. Bem do mal mesmo.
Um de seus afiliados, um dos mais irrelevantes, como eles mesmo dizem, o que tem mais chances de ser manipulado, é lançado a candidato a Primeiro Ministro nas próximas eleições.
A polícia faz de tudo para tentar entender o funcionamento do grupo, com policiais infiltrados e com um trabalho de contra ataque que parece funcionar bem.
Só que a máquina de propaganda deles é gigante. E aqui uso propaganda no sentido de guerra e de política, a propaganda errada, das fake news e distrações.
Os ânimos fervem, os imigrantes percebem que estão prestes a serem criminalizados, a polarização aumenta, assim como a radicalização e a melhor máquina, a da direita que mira nos ignorantes, acaba funcionando de uma forma ridícula.
Como na vida real.
Tudo o que vi em Filhos da Dinamarca vi acontecer no Brasil na última eleição.
Se o filme fosse lançado no final do ano que vem, eu diria que com certeza o diretor estudou bem o bolsonarismo para seu roteiro.
Como o filme deve ter sido produzido à época das eleições do ano passado, a realidade é mais triste ainda, mostrando que o jogo da extrema direita em curso no mundo todo é mais forte e eficiente do que gostaríamos que fosse.
O filme se passa em 2025, no aniversário do ataques terrorista mais violento do país. Outros ataques começam a acontecer e os nacionalistas usam isso tudo como desculpa e como arma de propaganda contra os imigrantes e as minorias.
Ulaa Salim, o diretor do filme, é um cara que eu não vou mais ficar sem saber o que faz, porque o filme não só é bem dirigido e bem escrito mas tem uma cara de ficção distópica.
Filhos da Dinamarca se passa em um futuro distante, como diz no início do filme, mas nem precisava desse aviso. Ou melhor, talvez precise como um aviso a quem assistir do tipo, “fique esperto que estamos encaminhando para essa barbárie”.
Filhos da Dinamarca é um drama violento que está prestes a ser um filme de terror, se víssemos uns closes dos absurdos cometidos pelos fascistoides.
Hoje eu acho que foi até bom que isso não é mostrado, que nos poupa um pouco de mais violência.
Além disso tudo, Filhos da Dinamarca tem um dos melhores elencos possíveis e um grande ator principal, Zaki Youssef, que nos entrega um policial revoltado com o que vê e desesperado por ter as mãos atadas e não poder resolver o que ele tem certeza que pode ser o começo do fim.
Único porém é que o filme ainda não está disponível por aí. Uma pena.
NOTA: