Lembra do Fassbinder?
Lembra como a gente amava os filmes estranhões dele?
Na Mostra de São Paulo desse ano, o único filme que eu assisti sem ter referência nenhuma foi uma bela surpresa: Fim de Estação vem do Azerbaijão e eu dei a ele o Prêmio Fassbinder de 2019.
Como nos filmes do gorducho alemão (isso é carinho, amo o diretor ursão), Fim de Estação começa como uma bobagem, um filme sobre uma família normal, mãe, pai e filho jovem adulto, onde nada acontece.
O menino trabalha, namora, quer morar sozinho. A mãe trabalha, tem uma vida besta. O pai é um besta, não trabalha, é um mala.
Até que eles vão passar um dia na praia, um dia de semana ao que parece (no fim da estação), porque o balneário está bem vazio, com tudo fechado e quase ninguém na areia.
Tudo calmo, tranquilo, o pai depois de beber mais do que devia pega no sono, o filho dorme de raiva e a mãe…
Quando eles acordam, a mãe sumiu.
Eles começam procurar pela areia, pelo mar, chamam a polícia, mergulhadores e nada.
Nesse momento fiquei pensando como o brasileiro é diferente do povo do Azerbaijão: se fosse aqui, a mulher sumir em Santos, os caras fariam escândalo, chorariam, bateriam.
Lá eles pegam o carro quando escurece e voltam pra casa.
E esperam.
Como num filme do Fassbinder, Fim de Estação tem um sentido próprio e uma lógica bem peculiar.
Em Fim de Estação, não importa muito a história, se a mãe volta ou não, quando ela volta ou porque ela volta.
O que importa é como cada uma das pessoas ligadas a essa mulher reagem a seus desatinos.
E o diretor Elmar Imanov faz questão que essas reações não nos decepcionem.
O que acaba acontecendo com o filme todo.
NOTA: 1/2