American Woman é uma surpresa tão boa que ao final eu fui conferir todos os créditos do filme pra entender quem tinha feito essa pérola perdida.
O filme é dirigido com maestria (mesmo) por Jake Scott, filho de Deus Ridley Scott, que aqui é produtor. Jake é o cara que sempre fez uns filminhos bonzinhos mas nada demais. Com American Woman ele atingiu um nível que eu já nem esperava mais que ele fosse chegar.
O roteiro do filme é até estranho, por horas eu não sabia mais sobre o que era o filme mas daí eu pensava que isso era uma coisa boa, porque contar a história de uma menina que some de casa, deixando sua mãe cuidando de seu filho bebê poderia ser uma bobagem sem fim.
A menina que foge de casa é a cantora lindeza Sky Ferreira, que cada vez faz mais filmes bacanas, apesar de sempre em papéis pequenos.
Sua mãe é vivida pela inglesa que não me descia Sienna Miller e que finalmente vou ter que dar o braço a torcer, ela é muito boa.
Ela é Debra, uma mulher que teve sua filha com 16 anos e agora, sua filha seguindo seus passos tem um filho também aos 16, de um namorado estúpido da mesma idade, que também mora com a mãe e fica fumando maconha e jogando video game o dia inteiro, como adolescentes fazem normalmente.
O problema é que eles são de pobres, Debra precisa trabalhar um monte pra pagar as contas da casa ainda mais com um bebê por perto.
Enquanto Debra faz sua filha cuidar da criança, ela tenta aproveitar seus 32 anos de idade, apesar de já ser avó o quanto pode, saindo pra dançar, beijando um monte, transando sempre.
Um dia que Bridget pede para sair com o pai de seu filho e a mãe reclama, é o dia que ela não volta para casa.
A mãe se desespera, a família toda se desespera e nunca mais se ouve falar da menina, nem uma pista, nem nada.
A família de Debra, sua mãe, sua irmã casada com 3 filhos, moram na casa em frente e vivem bem como uma família consegue com tanta intimidade tanto tempo. Apesar dos pesares, elas todas se ajudam muito.
O que poderia ser aquele filme chato de mulher desesperada que larga a vida para achar a filha desaparecida de qualquer forma, como já vimos aos borbotões, Scott e seu roteiro bem escrito seguem um caminho diferente mostrando a vida de uma família que carrega o peso de uma desgraça sobrevivendo por muitos anos.
Sua irmã é vivida por minha preferida Christina Hendricks, a mãe é a Amy Madigan, mulher do Ed Harris, um dos casais mais cool de Hollywood pra mim.
Só essas 4 mulheres já fazem o filme crescer a um patamar de destaque.
Jake Scott conseguiu tirar o máximo desse elenco ótimo e mais ainda, consegue fazer de American Woman um daqueles filmes que te faz ficar com raiva da protagonista, sentir empatia por ela, ter vontade de esganar e logo depois de abraçar.
Isso se chama criar personagem com profundidade, não só alguém que só grita e se desespera e é grossa o tempo todo, como geralmente acontece com personagens nesse tipo de filme onde o desespero da filha desaparecida as deixa a ponto de ebulição.
Debra é a white trash que aos poucos vai percebendo que ela tem que crescer e tomar responsabilidades mais profundas por seu neto e pelo resto de sua família, sem decepcioná-los o tempo todo.
Sienna Miller. Juro que eu nunca dei muita bola para ela, não sei por quê. Mas olha, ela ganhou meu coração nesse filme. Que atriz, que potencial, que garra que ela mostrou com uma personagem tão forte e tão duvidosa.
NOTA: