Greener Grass é o cúmulo do absurdo.
Literalmente.
O filme é uma comédia bizarra, quase surreal, com um pé no suspense, sobre famílias que vivem vidas ideais em suas casas sem portão, com piscinas, coloridas, com esposas ideais, maridos românticos e filhos… Bom, os filhos.
Só que a grama do vizinho é sempre mais verdade, né. Nesse filme então…
Começa que se alguém gostar muito do bebê de alguém, sua amiga pode te dar a filha.
Ou se outra mulher, bem doida, resolver engravidar, ela coloca uma bola de futebol sob sua roupa e depois de um tempo nasce Twilson, sua bola filha nomeada em homenagem ao Náufrago.
Os casais se vestem com as mesmas cores, os drinques tem sempre as mesmas cores, os carros são aqueles de golfe, das mesmas cores também e os filhos.
Os filhos são uns infernos. Mal educados, mimados, doidos de pedra e que de repente um deles pode se jogar na piscina e sair de lá como um cachorro.
E é tratado como filho da mesma forma.
Confuso?
Um pouco mesmo, mas Greener Grass é isso, uma viagem pesada de como já disse, o cúmulo do comercial de margarina de família feliz com vizinhos felizes.
Só que felicidade nenhuma é plena nem dura para sempre, não é mesmo?
Aos poucos as melhores amigas vão abusando e se aproveitando como podem umas das outras e o bonitinho e coloridinho e felizinho vai tomando outros ares.
Greener Grass é uma mistura de Tv Pirata com SNL escrito e dirigido por 2 ótimas atrizes e roteiristas e diretoras que poderiam ser primas irmãs do Yorgos Lanthimos grego doidão e pupilas do David Lynch só que bem doidas de serotonina bombando.
O exagero, o bizarro, o muito além do normal é o que fazem dessa sátira única.
Jocelyn DeBoer e Dawn Luebbe conseguiram usar do mais absurdo nonsense (sim tô me repetindo porque a ideia é exagerar mesmo) para contar uma história banal e mostrar que mesmo o banal tem sempre seu lado obscuro e “do mal”.
Lembra do Jacques Tati e de seus filmes super críticos ao dia a dia que são quase como reloginhos de repetição? Greener Grass vem dessa tradição, de mostrar através da repetição até que percebamos coisas que estão na nossa cara, finalmente.
Greener Grass ganha o prêmio de comédia absurda de 2019 antes do ano acabar porque du-vi-d-o-dó que outro filme chegue nesse nível.
NOTA: