Peterloo é o mais recente filme do mestre inglês Mike Leigh, de filmões como Vera Drake e Naked.
Leigh é um desses diretores que conseguem facilmente chegar no fundo da alma de seus personagens e, apesar da história não ser das mais emocionantes, em Peterloo ele não nega esse seu poder.
O filme conta a história do massacre de Peterloo em 1819, onde a cavalaria do exército inglês destruiu uma parte enorme da população de Manchester, 80 mil pessoas que protestavam no campo de St Peter, exigindo reformas democráticas.
Relevante aos dias de hoje? Quase nada!
O filme conta a história de uma família de Manchester onde todo mundo está sem emprego, numa crise absurda causada pelos desmandos dos governos e da corrupção desacerbada.
Essa família enorme, onde inclusive filhos acabaram de voltar de serviços militares, sofre e protesta e não é poupada, como ninguém na cidade é poupado.
A grande coisa do filme não é que Leigh foi criando o clima para o massacre, já que todo mundo sabe do massacre.
Ele poderia ter sido piegas, mostrar os bebês da família, as crianças, as mulheres mais velhas que trabalham até não aguentarem mais, os maridos que ficam o dia procurando emprego e fazem qualquer coisa por um pedaço de pão que consiga levar pra casa no fim do dia.
Nada disso.
Ele mostra o quanto isso tudo faz com que a família fique “emputecida” e cresça, arrume cada vez mais força para conseguir comida e para protestar todo dia.
Ele mostra que a resistência é a maior forma de luta, mesmo que a resistência acabe sendo o estopim da perda de controle do governo.
Peterloo é um filme político até o último segundo, um filme de resistência, um filme em homenagem a todos que enxergam e não se calam aos desmandos dos governos, desde sempre.
NOTA: 1/2