Little Woods é o tipo de filme que eu mais odeio assistir porque me deixa nervoso do início ao fim.
Para nossa sorte eu assisti Little Woods até o final e garanto que é um dos grandes de 2019.
Explico: o ódio é por filmes com desgraça anunciada, mas desgraça feia para personagem bacana. Odeio. Fico nervoso até que a desgraça aconteça.
Little Woods é o lugar no meio do nada americano onde moram as irmãs Ollie e Deb, que se encontram no fundo do poço quando a mãe delas morre e as deixa com uma dívida gigante de sua casa para pagar em 7 dias.
Ollie está em liberdade condicional, foi presa por tráfico e venda de drogas e está tentando se recuperar vendendo café e bolo em intervalos de fábricas da região.
Deb é mais nova, tem um filho de uns 6 anos de idade, garçonete, mora em um trailer com o filho e vive brigando com o pai do menino que é um bandidinho e traficante, amigo da irmã.
Com esse problema da dívida no banco e de ter que resolver em tão pouco tempo, a única saída é Ollie vender drogas de novo e conseguir o dinheiro a jato.
Daí já viu minha tensão, né?
Num roteiro desses, de subúrbio, pobreza, desespero, tráfico, bandidagenzinhas, tudo o que pode dar errado possivelmente vai dar errado.
E lá vou eu sofrer a quase hora e meia que resta de filme.
Little Woods é a estreia da roteirista e diretora Nia DaCosta e mostra que ela veio pra ficar porque a mulher sabe filmar, sabe escrever e melhor de tudo, sabe dirigir elenco como poucas.
O roteiro é lindo, muito bem escrito, com as 2 personagens principais maravilhosas e com o resto de personagens secundários, um bando de homem lixo, maravilhosos também.
Mas quem rouba o filme são as 2 atrizes que fazem as irmãs.
Lily James, que cada vez aparece mais, obrigado, faz uma Deb com cara de menina ingênua, tola que me deu vontade de pegar no colo e abraçar e dizer que tudo vai dar certo no final, mesmo não acreditando nisso.
É o atípico caso de uma atriz que não mostra o quanto é mais velha que a personagem, de tão boa que ela é. Esqueça dela no morno Yesterday e preste atenção neste filme.
Já a irmã malaca, Ollie, é a cereja do bolo maravilhoso que é Little Woods, culpa da também cada vez maior e melhor Tessa Thompson.
Ela consegue numa mesma cena mostrar o quanto a vida lhe deixou espertona da rua, de tanta porrada que já levou e ao mesmo tempo o quanto ela é comprometida com sua família e seus valores.
Se você só viu Tessa em Thor e em MIB, Vingadores, assista Little Woods, por favor, porque uma mulher dessas ficar conhecida por filmes tão porcarias quanto esses é de uma injustiça tremenda.
Little Woods é um drama em sua melhor forma, sem pieguices, sem piadinhas, filme de gente grande feito por gente grande.
E isso é um grande elogio.
NOTA: 1/2