Para comemorar os seus quarenta anos de profissão, o ator Ney Piacentini preparou uma
demonstração de trabalho em que exibe trechos de todas as peças da Companhia do Latão,
entremeadas com explanações sobre o aprendizado atoral pelo qual passou no coletivo
paulistano. Os comentários pedagógicos que acompanham os fragmentos cênicos foram
extraídos do seu último livro – O ATOR DIALÉTICO: 20 anos de aprendizagem na
Companhia do Latão (fruto de sua tese de doutorado pela USP), indicado ao Prêmio Aplauso
Brasil 2018 (na Categoria Destaque e recomendado), pela Revista BRAVO, e pelos críticos
Tânia Brandão (em seu site Folias Teatrais/RJ) e Wagner Corrêa de Araújo (do site Escrituras
Cênicas/RJ), entre outros.
A aula-espetáculo já foi apresentada na USP; no TUSP – Teatro da Universidade de São
Paulo e no Teatro Poeira/RJ (por ocasião dos lançamentos do livro O ATOR DIALÉTICO), na
Feira do Livro da UNESP; na sede da Companhia do Latão, no Célia Helena Centro de Artes
e Educação, e não apenas, sempre com uma boa acolhida das plateias.
O principal aspecto deste híbrido entre cena e palestra é a possibilidade dos espectadores
visualizarem uma estimulante síntese da produção latoniana, feita pelo seu mais longevo ator.
Subjacente à amostragem, está a aproximação entre as poéticas atuativas de Stanislavski e
Brecht, notadamente no que diz respeito às contradições entre as dimensões internas e
externas das personagens – entre suas subjetividades e objetividades.
“Ao personificar alguém nervoso, procurar sua face calma. Se a personagem é uma sovina,
realizar sua generosidade; ao representar um bêbado, não demonstrar a sua volubilidade, mas
sim seus esforços em parecer sóbrio.” B. Brecht: o que se pode aprender com Stanislavski.
Outros importantes aspectos da atuação, como a escuta, a inventividade e a ética também são
abordados nessa práxis que vem sendo bem recebida tanto pelo público não iniciado, quanto
nas escolas técnicas de teatro, de graduação e pós-graduação, públicas e privadas.