RESUMO
As mídias sociais são espaços comunicativos apropriados pelas audiências para a expressão política, performance de identidades e construção de comunidades interpretativas. O fenômeno das dinâmicas produtivas do público na internet é tradicionalmente estudado na comunicação política por chaves analíticas como ativismo digital, jornalismo cidadão, deliberação, participação, conversação e grassroots. Estes escopos são insuficientes para dar conta de algumas particularidades deste objeto. Oferecemos a perspectiva da teoria fã como ferramenta analítica que investiga a expressão de culturas políticas na internet. Argumentamos que a ação de comunicação política das audiências possui uma dimensão de engajamento que se assemelha ao paradigma da atividade fã, entendida como um regime de participação da audiência na construção de narrativas que tensionam e se situam à margem dos produtos culturais e dos textos dominantes, reconfigurando-os a partir de lógicas e de práticas de sociabilidade particulares. Empregamos métodos qualitativos para acompanhar cinco páginas no Facebook que produzem conteúdo sobre política e entrevistamos seus administradores. Entre os principais achados desta pesquisa está a formação referências interpretativas antagônicas que são acionadas por comunidades interpretativas de fãs a partir de marcações ideológicas definidas de esquerda e de direita. Ao final, debatemos os achados e indicamos caminhos para pesquisas futuras.
Coxinhas e petralhas: o fandom político como chave de análise da audiência criativa nas mídias sociais
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