Ok, muito se diz sobre o grande mercado mundial na área de jogos, sobre o quanto o setor tem crescido, sobre números assombrosos de um setor que já fatura mais que a bilheteria de cinema ou que a venda de DVDs, mas como é a real situação deste setor no Brasil? Quais são os números da “indústria brasileira de videogame”? A Abragames fez um levantamento e basicamente temos um mercado com potencial de movimentar aproximados 2 bilhões de reais e movimentamos menos de 90 milhões de reais. Isso significa que a indústria brasileira de videojogos está muito fraca. Muitos culpam o governo por isso, com projetos de restrição de mercado que apenas travaram a economia no setor e incentivaram a defasagem tecnológica e a pirataria. O que se pede então é uma atitude por parte do Governo Federal para que o setor seja incentivado e volte a crescer (e talvez ocupar novamente o primeiro lugar no setor dentro da América Latina, como acontecia no início da década de 90, posto hoje ocupado pelo México).
Em 2004 foi lançado o edital JogosBR, o que foi interpretado por muitos como uma forma do governo incentivar a indústria, demonstrando entender a situação do mercado nacional. O edital apresentou diversos problemas, dentre eles a separação da etapa de concepção do jogo da parte técnica, como se o jogo não fosse mudar dependendo da tecnologia escolhida para a implementação, fugindo totalmente do padrão mundial de como projetar um sistema viável tecnologicamente por meio do conhecimento tecnológico. Nesta edição também foram aprovados projetos de conteúdo questionável, tanto como idéia original, como de projeto viável comercialmente. Além disso, houve uma confusão com os termos utilizados, visto que o edital pedia um “Jogo Demo”, o que estava fora de contexto, quando na verdade o que foi entregue (com atraso e quebra de contrato, além do fato de que o público só teve acesso aos jogos em 2008) foram vários protótipos de jogo, resultado coerente com a quantia de dinheiro fornecida para o desenvolvimento. Para mais detalhes sobre este edital, veja a monografia “JogosBR 2004: Uma análise crítica” na seção de artigos.
Em 2006 o edital é relançado, com apoio da Abragames e, aparentemente, a problemática da concepção do jogo em separado de uma análise técnica foi compreendida, sendo que esta versão do edital não restringiu a proposição dos projetos às idéias enviadas pelo público. Além disso, esta versão do edital abriu uma nova categoria para “Jogos Completos”, além de manter a categoria de “Jogos Demo”, sendo que a quantia de dinheiro oferecida para o desenvolvimento dos jogos completos não era muito coerente com os números do mercado internacional.
Agora em 2008 (ontem) foi anunciado pela Redação da TELA VIVA News que o governo estará lançando até o final de setembro mais um edital de games pela Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura e que esta edição do edital deve contar com R$ 1 milhão, para ser aplicado no desenvolvimento de 10 demos jogáveis, aumentanto consideravelmente a quantidade de dinheiro investida nos demos jogáveis, demonstrando maior potencial de conseguir financiar a criação de algum sucesso comercial. Como o edital ainda não foi divulgado, nos resta torcer para que desta vez o edital consiga bons resultados, não apenas criativamente, mas também comercialmente e que isso ajude a impulsionar o mercado.
Os jogos eletrônicos têm se tornado uma mídia de extrema importância no cenário mundial e iniciativas de incentivo à produção de jogos eletrônicos no Brasil por parte do Governo Federal são extremamente importantes para que nossa indústria de consolide e tenha capacidade de competir no mercado mundial, porém um edital a cada dois anos não será o suficiente para levantar uma indústria que teve suas pernas cortadas em sua origem. Leis de incentivo fiscal devem ser mudadas, assim como as leis de importação, para que em breve possamos ver um novo mercado nascendo, vencendo a pirataria e utilizando todo o potencial criativo de nosso povo na produção nacional
Postado por Jônatas Kerr
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