Se você, como eu, acha que remake é algo inconcebível e que principalmente remake de filme de terror, como Suspiria, é perda de tempo e de dinheiro, prepare-se para esta resenha.
Rabid ou Enraivecida – Na Fúria do Sexo é um dos grandes filmes do mestre dos mestres, o canadense David Cronenberg, o grande cara que faz filme de terror onde os monstros somos sempre nós mesmos (no máximo, um vizinho).
(Note que o filme, de 1977, tem um título em português lindo e bem sexual como se tivesse saído da nossa própria boca do lixo.)
O filme de 1977 tinha a então super estrela do pornô Marilyn Chambers em seu primeiro papel no cinema “sério” como Rose, uma mulher que sofre um acidente de moto e que sai da cirurgia com um, digamos, apetite repentino por sangue e com um “monstrinho” no seu suvaco que suga sangue de suas vítimas.
Chambers, à época, era maior que Cronenberg, já que logo antes seu filme Atrás da Porta Verde tinha a alçado a primeira dama do pornô americano.
E a gente sabe que a indústria do pornô americano é maior que a indústria do cinema americano, por mais que tentem dizer o contrário.
Cronenberg fez o que deveria ser feito e colocou a fofa neste seu filme quase fofo.
Corta para 42 anos depois, 2019 onde as também diretoras canadenses Soskas Sisters (sim, elas assinam assim mesmo) lançam sua própria versão de Rabid.
O filme conta a mesma história da mulher que sofre o mesmo acidente, só que agora ela vai se tratar em uma clínica de medicina trans humana e sai de lá com a mesma apetite por sangue e com o mesmo bichinho do suvaco.
Só que agora a fofa é vegana e não suporta sangue, o que era pra ser um choque maior ainda quando em uma cena ela come um bife cru.
E ela era feia, desarrumada, tímida e era assistente de um estilista (péssimo) famoso, meio que a escravinha de trabalho do cara.
Só que o sangue lhe deixa linda, poderosa, forte inclusive para peitar o famosão e lhe mostrar vestidos que ela cria. Preguiça? Total.
O roteiro é de uma profundidade de tanquinho pra lavar os pés antes de entrar na piscina de clube.
A direção de arte do filme, que se passa no mundo da moda, é de uma pobreza criativa que nem novela da Record seria capaz de ser tão sem sal.
O elenco é um horror, parece que o povo não consegue decorar frases longas com mais de 8 palavras.
E as irmãs diretoras ainda tiveram a cara de pau de fazer uma “homenagem” a outro clássico de Cronenberg, Gêmeos – Mórbida Semelhança, de 1992, (olha de novo o título longo e hifenado). A equipe médica da clínica que opera a acidentada usa roupas vermelhas na sala de cirurgia, como os gêmeos usavam naquele filme.
Deu vontade de ir lá e bater na cara daquele povo todo.
O filme deve ter sido feito com sei lá, uns 480 dólares, porque é muito ruim, fotografia precária, decupagem de primeiro semestre de faculdade, edição quase inexistente, as cenas foram mais juuntadas que editadas.
Queria entender o que 2 diretoras fazem em um set desses. Erram em dupla? Fazem 2 vezes mais burradas?
A luta pelo título de pior filme de 2019 está se intensificando e tem um forte candidato em Rabid.
NOTA: 1/2
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