Alerta: se você é fã (como eu sou) do clássico de ficção científica/et dos infernos/russo-novaiorquino Liquid Sky, Luz é seu filme.
Luz é uma taxista de origem latina que vive em Berlim.
Ela acaba numa delegacia de polícia bem estranha para averiguação depois de se envolver em um acidente.
Mas nada neste filme é o que a gente minimamente espera que seja.
Luz parece um indie tosco radical feito em 1979 por um doido viciado em heroína.
E isso foi um elogio.
Então prepare-se.
Na delegacia onde Luz vai parar, ela tem que dar seu depoimento para um talvez médico que lá trabalha e que a hipnotiza para saber sua versão da história.
Só que o médico está possuído por uma demônia que Luz trouxe à vida quando era adolescente e estudava em uma escola católica.
E essa demônia “entrou” nele no talvez melhor começo de filme do ano: em um bar, ele é “enfeitiçado” pela suposta namorada da Luz, onde a demônia estava hospedada.
Sussa?
Luz é isso, radical, estranho, com uma trilha absurdamente boa e uma fotografia absurdamente desconcertante que, enquanto uma ajuda, a outra atrapalha um pouco neste filme que venceu o Festival de Berlim deste ano.
Se o filme de gênero está ganhando cada vez mais espaço, Luz é a prova de que radicalismos são bem vindos, mesmo que essas experiências por vezes não sejam das mais agradáveis.
Não, Luz não é cheio de sangues e sustos e coisas horrorosas, o filme em si é desagradável mesmo.
Eu sempre falo que o diretor que ganha o meu coração é o que consegue criar um universo totalmente particular em seu filme e que me transporta por alguns preciosos momentos.
Tilman Singer fez isso, criou em Luz um universo tão próprio mas tão hermético, que fica difícil por vezes acompanhar.
Difícil de entrar e difícil de sair.
Quando citei Liquid Sky e o cinema da heroína, foi por isso, um pouco demais pra mim, apesar de todas as qualidades do filme.
Gostei mas não gostei.
NOTA: 1/2