A nova edição da Revista GEMInIS conta com um artigo inédito do teórico francês do cinema, Jaques Aumont: “A imagem velada: o informe luminoso”
RESUMO
O cinema inventou, meio-século mais tarde, se vangloriou como sendo a mais perfeita repro-dução possível da realidade, do mundo. O velamento nos lembra que essa perfeição, em seu automatismo, está sujeita ao erro – um erro não humano e, além do mais, fascinante. O véu –e aqui, pouco importa que seja acidente luminoso ou acidente químico – é o que deixa advir, no tecido “sem costura” do filme ideal, uma falha, uma fissura. O que se vê nessa ruptura? O real? Nada? Um mundo de formas fantásticas livremente interpretáveis? Sente-se que a res-posta depende da ideia que se fez do cinema e até mesmo do cinematógrafo. Emprego essa palavra de modo intencional, a qual Robert Bresson e Eugène Green opuseram nitidamente, como se sabe, ao cinema vulgar, que se contenta em fazer encenar fábulas com atores. Nessa concepção extrema, o cinema é muito simplesmente o que revela o real sob a realidade , e para ela o véu é uma incongruência: seja, caráter pueril de luz, acentua indevidamente e faz significar um dado do mundo, essencial, mas por essência mudo; seja, mácula de dissolução física, autoriza a matéria a se manifestar no mundo também ilegitimamente.
Palavras-chave: cinema; representação; técnica; luz.
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Fonte